Aikido na Zona Leste de São Paulo

No início da década de 1990 a zona Leste de São Paulo ainda não tinha um dojo de Aikido e qualquer pessoa que quisesse treinar precisava se deslocar para aqueles bairros com colônias japonesas, principalmente para a zona Sul. Por isso o Sensei Makoto Nishida, a convite de alunos de sua academia (ACAM) que também praticavam Karatê e possuíam um dojo com amplo tatame no bairro do Tatuapé, resolve expandir a oportunidade de treinos na região. Antes mesmo de iniciar as aulas e vendo-se impossibilitado pela falta de tempo e pela distância passa a incumbência de dar aulas a outro aluno, Maurício Pereira Francischelli, que em Janeiro de 1992 inicia as aulas de aikido na Academia Resistência sob a supervisão do Sensei Nishida.

E em 2011 o Sensei Francischelli inicia o Blog Higashi Aikido para compartilhar suas experiências em artes marciais.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Quando eu descobri o Aikido

Por toda a minha vida, o meu único interesse real pelos esportes se concentrou nas artes marciais. Na minha infância, a arte marcial mais difundida era o judô, arte que conhecia por ver meus primos praticando em um dojo bastante tradicional do bairro da Penha. Apesar de gostar muito da cultura do judô, não o praticava, pois os treinos me pareciam muito violentos e as quedas traumatizantes. Na verdade, o que me traumatizou foi uma aula de educação física na escola, em que o professor pedia para fazermos rolamento (cambalhota) sobre um colchonete. A instrução era: a criança tinha que correr na direção do colchonete, se agachava, colocava a cabeça no colchonete e rolava por cima da cabeça. Creio que o professor devia achar que toda criança nasce sabendo fazer isto, todavia  talvez eu fosse a única criança que não soubesse rolar, dar cambalhotas; em resumo, não quebrei o pescoço por sorte, mas a dor do mau jeito ficou por um bom tempo e o trauma por toda a minha infância.

Assim, quando criança não pratiquei nenhuma arte marcial, pois pensava que em todas tinha que fazer a tal cambalhota; mas o interesse e admiração sempre permaneceram presentes: comprava revistas sobre artes marciais, brincava de lutinha com os amigos e, as vezes, brigava com os que não eram amigos (coisa de criança), fabricava nunchacos de cabo de vassoura, assistia o seriado “Kungfu”, os filmes de Bruce Lee e o “Gigantes do Ringue”.

Somente com 20 anos de idade comecei realmente a praticar uma Arte marcial. Iniciei-me no Karate, pois achava que não teriam os rolamentos, e realmente não os houve por um período de dois anos. Após este período, a experiência da cambalhota na aula de Karate foi bem diferente. Eu era adulto e tinha a capacidade de entender a explicação do professor que soube ensinar com técnica e passar toda a segurança necessária, sem se quer encostar a cabeça no chão – eis que saiu o tão “atormentador” rolamento.

Na mesma época, fui a um festival de artes marciais organizado pelo meu professor de karate no ginásio poliesportivo do Ibirapuera. Houve apresentações de várias artes marciais. Gostei de tudo que pude assistir, mas o que mais me impressionou foi o Aikido. Já havia lido um livro sobre esta arte marcial escrito pelo mesmo professor que fazia a apresentação naquele festival, e, até ver como realmente era a prática do Aikido, não havia despertado em mim qualquer interesse em treiná-la.

Assim, ao ter contato com o Aikido, senti imediatamnete a necessidade de praticá-lo, pois me pareceu a arte marcial perfeita. Continha todos os elementos que apreciava em uma arte marcial: a energia, o desempenho físico, a marcialidade e a plástica, além de que, agora, já sabia fazer os rolamentos, tão empregados pelos aikidoistas para se defenderem nas quedas e projeções.

Pratiquei o Karatê por mais seis meses juntamente com o Aikido, até perceber a incompatibilidade, para mim, da prática conjunta das duas artes marciais. Isso porque, na primeira, era necessária força e agilidade e, na segunda, leveza e harmonia. Isso somado ao fato de que, a cada dia de treino, sentia que era o Aikido que supria a maior parte das minhas necessidades naquele momento e preenchia as minhas expectativas.

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Sensei Francischelli

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Professor de Aikido desde 1992 no Bairro do Tatuapé em São Paulo e designer gráfico. O Dojo Francischelli Fica na rua Santa Maria, 471, Tatuapé. Cel.: 7953-6864

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